"A alma humana é crística por sua natureza". Tertuliano

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Título e objetivo do blog



Alma: princípio de vida, espírito

Defumada: que passou por defumação


O título sugere algumas interpretações no que se refere à defumação. Quanto à alma não há margens para dúvidas que falamos do espírito encarnado. Portanto falaremos de coisas que não se referem somente ao espírito ou à espiritualidade para além da vida na Terra. Falaremos do espírito que passa por experiências humanas. Ou seja: enquanto alma com suas emoções, sentimentos e a vida na Terra com suas limitações.

Já a respeito da defumação podemos pensar em duas possibilidades. A defumação enquanto ritual de limpeza ou purificação. E também a defumação como processo de apuramento do sabor de um alimento. Como se defuma queijo ou carne.

No primeiro caso sabemos que a defumação é ato de diversos tipos de religião e ritos, ora como queima de ervas, ora com a queima de incenso etc. Há defumação no catolicismo, na umbanda, no candomblé, no xamanismo, no hinduísmo, no budismo etc. Desta mesma maneir este blog não se restringirá a uma crença ou mais crenças, este é sobre espiritualidade no geral. A idéia de uma alma que passa por tal processo, de limpeza ou purificação, nasceu de experiência de quem experimentou ritos de passagem e se limpou ou purificou.


Defumação também faz-me lembrar de um tio benzedor do interior. Ele usava a fumaça de ervas que ele queimava no momento da benzeção. Ele espalhava a fumaça em volta do nosso corpo enquanto fazia suas rezas. Eu era uma criança, ficava sentadinho numa cadeira colocada no meio do quintal em noites de lua. Tenho a imagem do quintal iluminado pela lua. Eu achava tudo aquilo estranho e interessante ao mesmo tempo. Por conta disto gosto do cheiro de ervas queimadas que são utilizadas em purificação de espaços. É uma lembrança familiar.

No segundo caso é de uma alma curada no sentido que teve seu sabor alterado, ou melhor, passou por processo de apuramento de sabor pela exposição à fumaça. Neste caso se desdobra em duas possibilidades: a primeira diz respeito à melhoria da alma por ter melhorado seu "sabor" e a segunda a experiência de vida. Trata-se de uma alma que viveu, que se transformou a partir das sensações (prazeres e dores através dos sentidos) da carne. A fumaça, no caso, é a própria vida que lhe dá sabor, que a melhora e a difere de uma alma "crua".


Para mim há ainda uma última referência bastante pessoal e esta explicada de maneira bem simplificada nos haikais do primeiro post deste blog. Está relacionada à minha infância na casa de meus avós no interior de São Paulo. A casa que ficava no campo vivia impregnada do cheiro da fumaça do fogão à lenha. A casa assim como o cotidiano da família, pode-se dizer, ficavam defumados. Havia também o processo de defumação da carne de algum animal abatido, mas este ocorria num paiol próximo da casa maior. O fogo e a fumaça eram bem presentes na vida e nas atividades da casa e do sítio. Sempre que sinto cheiro de fumaça de lenha lembro-me daquele tempo. É a memória marcada na alma.

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