"A alma humana é crística por sua natureza". Tertuliano

sábado, 23 de abril de 2011

Ressurreição e Renascimento



Para ressuscitar é necessário morrer primeiro. Para renascer basta estar vivo fisicamente. Renascimentos podem ocorrer várias vezes em nossas vidas. Basta ocorrer algo que quase nos leve à morte ou que nos faça encarar a vida e o mundo de modo muito diferente do que estávamos acostumados. A nova forma como encaramos o mundo nos faz sentir que é uma outra vida e que, portanto, se trata de um nascer. No mais, se a mudança foi muito brusca e repentina podemos encarar o encerramento de nosso antigo modo de viver como morte. Talvez uma morte psicológica, se isto for possível. Há, portanto, quem morra várias vezes numa mesma vida. E há quem renasça ao descobrir que a morte física é um novo nascer.
Ressuscitar, portanto, só seria, de fato, possível com a existência da morte. Se é possível numa mesma vida vários renascimentos e, após esta vida, novos nascimentos o que chamamos de morte é apenas uma conexão, um ponto, entre estas várias, senão, infinitas vidas. Renascimentos e nascimentos são mais prolongados e, muitas vezes, mais dolorosos do que a transição entre estes processos. Ressuscitar não é, talvez, mais importante que renascer ou nascer de novo. Até porque o único que "ressuscitou" disse que o homem precisa nascer de novo para ter a vida eterna (Jo 3,1-8). E mais, se ele mesmo disse que veio para que todos tenham vida plena (Jo 10,10) sua "ressurreição" só tem significado com o renascimento do homem em vida. Senão ele não teria "ressuscitado". Não há porque esperar morrer para "ressuscitar", até porque nasceremos de novo. Temos que fazer valer sua "ressurreição" através do nosso renascimento, da nossa mudança de vida (em vida) na perspectiva da perfeição (Mt 5,48).

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