"A alma humana é crística por sua natureza". Tertuliano

terça-feira, 19 de abril de 2011

Hildegard von Bingen




Foi lendo a respeito do misticismo cristão da Idade Média que conheci Hildegard von Bingen. Foi uma descoberta e tanto. Ela foi uma pessoa iluminada, capaz de grandes gestos e responsável por uma obra de primeira grandeza. Isto tudo somado ao fato de ter sido uma freira em pleno século XII na Alemanha. Época e lugar onde mulheres não tinham voz nem vez para tratar de questões místicas ou religiosas. A diversidade de atividades e obras dá uma ideia de sua importância. Hildegard foi monja beneditina, mística, teóloga, compositora, pregadora, naturalista, médica informal, poetisa, dramaturga, escritora e mestra do Mosteiro de Rupertsberg em Bingen am Rhein, na Alemanha.
Sua noção espiritual de ligação com Deus pressupunha uma conexão cósmica do humano.
"Ela possuía uma concepção mística e integrada do universo, ainda que essa concepção não excluísse o realismo e encontrasse no mundo muitos problemas. A solução para eles, de acordo com suas idéias, devia advir de uma união cooperativa e harmoniosa entre corpo e espírito, entre natureza, vontade humana e graça divina."
Fonte: wikipedia
A seguir uma de suas composições. O trabalho de vídeo ficou muito bom. Sugestão: apague as luzes (para aproveitar melhor as imagens), aumente o som e boa viagem.


(a respeito dos textos que aparecem no vídeo leia mais abaixo)

Hildegard provinha de família nobre da região de Alzey, no sul da Alemanha. Já aos três anos de idade, a futura abadessa demonstrava habilidades visionárias. Mas foi somente aos 15 anos, como interna do convento junto ao mosteiro beneditino de Disibodenberg, que percebeu quão especial era a habilidade que possuía.
Hildegard viveu vários anos como uma simples freira. Com a morte da tutora Jutta, em 1136, ela se tornou a superiora do convento. Sempre acometida de doenças, tentava esconder suas visões. Aos 42 anos, recebeu a incumbência divina de escrevê-las. Por medo da tarefa, caiu doente. Somente após a intervenção de Volmar, seu padre-confessor, e do abade Kuno, ela começou sua obra.
Hildegard trabalhou durante cinco anos no livro Scivias (Saiba o caminho), ditando-o para Volmar, que corrigia gramaticalmente os escritos em latim. São Bernardo de Clairvaux, um dos maiores teólogos do século 12, interveio junto ao papa Eugênio 3° em prol de Hildegard. O papa enviou uma comissão para examinar o caráter de seus escritos. Não houve dúvidas, eram palavras de Deus.
Fonte: http://www.dw-world.de


A obra de Hildegard sobre plantas medicinais escrita em 1158 é, até hoje, referência da medicina natural. Hildegard não acreditava encontrar Deus na razão. Ela aprendeu a olhar os lírios dos campos e a ver neles a presença divina que também levaria a cura de doenças. Para ela, o homem saudável estava em sintonia com Deus. Hildegard aliou a antiga medicina dos gregos, propagada por Galeno, à fé cristã. Para ela, micro e macrocosmo interagem lado a lado em sua percepção do homem e de Deus. Para honrar a Deus, o homem teria que interagir com seu meio-ambiente.

A obra dela é extensa. Ela produziu nas diferentes áreas do conhecimento humano: artes (composição, poesia, dramaturgia), ciência escreveu o livro Liber subtilitatum diversarum naturarum creaturarum, (Livro das propriedades - ou sutilezas - das várias criaturas da natureza), dividido em Physica (Liber simplices medicinae) (Física - Livro da medicina simples) e Causae et curae (Liber compositae medicinae) (Causas e curas - Livro da medicina complexa), filosofia e teologia (escreveu uma triologia teológica) e tantas outras coisas. Ela chegou a criar um alfabeto e um língua artificial (que aparecem no primeiro vídeo acima - a princípio fiquei tentando identificar que linguagem era aquela) afim de descrever os seres que apareciam em suas visões.

Como compositora a música dela parece algo de outra dimensão. Há quem diga que ela era um ser multidimensional dada a sua incrível inteligência. A seguir um de seus poemas musicados e que faz parte de uma obra maior Symphonia

TRADUÇÃO
Oh verdíssima rama
Oh verdíssima rama, salve!
tu que surgiste no sopro
do mistério sagrado.
Era o tempo chegado
de em teus próprios galhos floresceres,
sejas, assim, louvada!,
pois o sol em ti transuda, ardente,
um bálsamo cheiroso.
Deveras em ti abriu rara flor,
que para todos, áridos antes,
deu seu perfume.
E então tudo apareceu
em sua verdura plena.
E o céu derramou seu orvalho
sobre a relva
e toda terra exultou,
pois de seu ventre
brotaram os grãos,
e as aves do céu
nela fizeram seus ninhos.
Assim foi criado o alimento do homem
e a riqueza feliz dos banquetes.
Virgem suave, oh, em ti
nunca míngua a alegria.
Eva uma vez lamentou tudo isso,
mas agora, seja louvado o Altíssimo.

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