"A alma humana é crística por sua natureza". Tertuliano

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O bom uso das palavras


Pr 12.18 !"Há alguns, cujas palavras são como ponta de espada, mas a língua do sábio é remédio".



As Coisas que a Gente Fala
Ruth Rocha

As coisas que a gente fala saem da boca da gente e vão voando, voando, correndo sempre pra frente.
Entrando pelos ouvidos de quem estiver presente.
Quando a pessoa presente é pessoa distraída e não presta muita atenção.
Então as palavras entram e saem pelo outro lado sem fazer complicação.
Mas ás vezes as palavras vão entrando nas cabeças, vão dando voltas e voltas, fazendo reviravoltas E vão dando piruetas.
Quando saem pela boca saem todas enfeitadas.
Engraçadas, diferentes, como palavras penduradas.

Mas depende das pessoas que repetem as palavras. Algumas enfeitam pouco.
Algumas enfeitam muito. Algumas enfeitam tanto, que as palavras - que
engraçado! - nem parece as palavras que entraram pelo outro lado.

E depois que elas se espalham, por mais que a gente procure, por mais que a gente recolha, sempre fica uma palavra, voando como uma folha, caindo pelos quintais,
pousando pelos telhados, entrando pelas janelas, pendurada nos beirais.

Por isso, quando falamos, temos de tomar cuidado. Que as coisas que a gente fala
vão voando, vão voando, e ficam por todo lado. E até mesmo modificam o que era nosso recado. (...)
Pronto! Lá vão as palavras! Vão voando, vão voando...
Entrando pelos ouvidos De quem estiver passando.

E depois que elas se espalham, por mais que a gente procure, por mais que a gente recolha, sempre fica uma palavra, voando como folha, caindo pelos quintais, pousando pelos telhados, entrando pelas janelas, pendurada nos beirais.

As palavras continuam a voar pela cidade. Vão entrando nos ouvidos de gente de toda idade. E aquilo que era mentira até parece verdade... As coisas que a gente fala
saem da boca da gente e vão voando, voando, correndo sempre pra frente.

Sejam palavras bonitas uu sejam palavras feias; sejam mentira ou verdade ou sejam verdades meias; são sempre muito importantes as coisas que a gente fala. Aliás, também têm força as coisas que a gente cala. Às vezes, importam mais que as coisas que a gente faz...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Deus e eu


Uma das maiores questões humanas, para muitos a maior, é a sobre a relação com Deus. Ou se ele existe ou deixa de existir. É impossível um ser consciente de si passar pela vida sem fazer questões que remetam a Deus: Quem sou eu? De onde venho? Para que serve a vida? Quem criou o universo? O que é a natureza? Mesmo que indiretamente todas estas questões nos remetem a um princípio criador ou a um princípio que explicaria os desdobramentos da vida. Questões que nos levam a Deus. Ou ainda podemos nos questionar diretamente: Quem é Deus? Deus existe? Se existe quem O criou? Como é Deus? Deus, Universo, Natureza, o Absoluto, qual seu verdadeiro nome e sua essência? Etc.
Qualquer resposta que se dê a qualquer uma destas questões ficará insuficiente. Impossível responder satisfatoriamente, impossível ficar sem se perguntar.
A maneira como nos relacionamos com tais questões podem definir nossa vida e a forma como a encaramos.

Tive uma educação religiosa católica. Meu pai foi um fervoroso católico que na sua idade mais jovem dava aulas de catecismo, fazia novenas, fez parte de congregação dos devotos de Maria, foi ministro do batismo etc. Minha mãe também muito fervorosa. Apesar de pouco participativa de reuniões na igreja e nas suas missas ainda assim poderia se dizer que ela é uma católica praticante. Ainda hoje reza seus terços. Minha educação religiosa foi rigorosa, tradicional e rígida. Lembro-me ainda do livro de catecismo de mais de uma centena de perguntas com respostas prontas e definitivas. Decorei-as todas. Não me lembro de mais nenhuma. Ainda bem.
Deus para mim era o super-todo-poderoso onisciente, onipresente e onipotente que via tudo e punia tudo. Quando criança eu tinha medo de Deus. Eu também, por conta das lições familiares e do catecismo, sentia muita culpa. Existia um Deus repressor e punitivo que vingaria cada pecado. Ao mesmo tempo era um Deus que não satisfazia em nada as questões que eu me colocava e que não eram permitidas de serem expostas. Se pelo menos minhas questões fossem, mesmo que parcialmente, respondidas suportar tal Deus seria menos doloroso.
Com o tempo me afastei do Deus do medo e da culpa. À medida que crescemos novas referências e novos questionamentos se somam ou excluem referências rígidas de uma infância limitada. No entanto novas perguntas surgiam e se acumulavam a outras mais antigas.
Apesar do distanciamento do antigo Deus antigas feridas ficaram abertas.
Eu não agüentei sustentar mais um Deus que não respondia minhas perguntas mais básicas, nem por isso mais essenciais, e ao mesmo tempo me trazia à lembrança um tempo de medo, angústia e muitas culpas. Aquele Deus eu precisava deixá-lo.
A universidade foi a pá de cal. Aquele Deus não resistiu à análise crítica e à História. O relacionamento amoroso sério com uma colega de classe da faculdade, cuja família era de intelectuais e ateus, ajudou a finalizar de vez minha relação com aquele Deus da infância.
Passei a negá-Lo.

A negação pode ser apenas uma forma de tentar desacreditar algo que tem importância crucial para alguém. A negação muitas vezes nos aproxima ainda mais do objeto negado. A negação de Deus como uma forma de ateísmo pode ser simplesmente a reafirmação de Deus pela via contrária. Para Freud a negação é um mecanismo de defesa do inconsciente. Se negamos sistematicamente algo é porque, muito provavelmente, o contrário é verdadeiro. Tal situação é conhecida popularmente pelo ditado “quem desdenha quer comprar”. E assim pode ocorrer com inúmeros “ateus”. Assim, pelo menos, ocorria comigo.
Não demorou muito para eu perceber que eu não conseguia sustentar a idéia da inexistência de Deus. Já ouvi (ou li) que um ateu tornar-se crente é bem possível, já um crente tornar-se ateu.... Eu, então, como um ser produzido das entranhas do racionalismo acadêmico achei uma saída bastante oportuna: tornei-me agnóstico. Defendia a idéia, então, que assim como não era possível provar a existência de Deus também era impossível provar sua inexistência. Era uma situação cômoda. Eu estava em cima do muro.
Este período (de negação e agnosticismo) foi o tempo mais difícil da minha vida. Eu passava por sérios problemas emocionais. Foi diagnosticado depressão. Uma coisa estava diretamente relacionada à outra. O meu, pelo menos aparente, distanciamento de Deus, contribuía para uma ausência total de perspectiva de vida. E o meu olhar (pessimista) sobre o mundo me fazia desacreditar em Deus. As velhas e batidas questões não saiam da minha mente: “Como pode existir um Deus que permite a tragédia que é o continente africano?” “Como pode existir Deus com tanta injustiça?” Etc. O buraco era muito fundo e a ajuda parecia distante, senão inexistia. Um provérbio chinês expressava bem o que eu passava: “O céu há de parecer pequeno para quem o olha do fundo do poço”. Eu estava lá e me sentia sozinho.

Continua...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Amor




"...o amor não é algo que podemos nos obrigar a sentir, nem que podemos sentir por decisão do intelecto. O amor nem ao menos é um sentimento. É um estado do ser, de entrega, de perfeita renúncia a toda sorte de separação, quanto a qualquer parte de si mesmo, a outros seres humanos, ao mundo natural e aos domínios do espírito. O amor é eterno e também se gera a cada momento. Em sua base, todos os ensinamentos espirituais verdadeiros visam nos ajudar a a entrar nesse momento eterno do amor."

Fonte: "Entrega ao Deus Interior" de Eva Pierrakos e Donovan Thesenga.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Guerreiros da Paz - Xamã Orestes Grokar



GUERREIROS DA PAZ
Eu chamo a força, eu chamo a força, eu chamo a força
força das pedras para me firmar
Eu chamo a terra, eu chamo a terra, eu chamo a terra
eu chamo a terra para me enraizar

Eu chamo o vento, eu chamo o vento, eu chamo o vento
eu chamo o vento vem me elevar
Eu chamo o fogo, eu chamo o fogo, eu chamo o fogo
eu chamo o fogo para me purificar

Eu chamo a Lua, chamo o Sol, chamo as estrelas
Chamo o universo para me iluminar
Eu chamo a água, chamo a chuva e chamo o rio
Eu chamo todos para me lavar

Eu chamo o raio, o relâmpago e o trovão
Eu chamo todo o poder da criação
Eu chamo o mar, chamo o céu e o infinito
Eu chamo todos para nos libertar

Eu chamo Cristo, eu chamo Budha, eu chamo Krishna
Eu chamo a força de todos orixás
Eu chamo todos com suas forças divinas
Eu quero ver o universo iluminar

Eu agradeço pela vida e a coragem
Ao universo pela oportunidade
E a minha vida eu dedico com amor
Ao sonho vivo da nossa humanidade

Sou mensageiro, sou cometa, eu sou indígena
Eu sou filho da nação do Arco Íris
Com meus irmãos eu vou ser mais um guerreiro
Na nobre causa do Inka Redentor

Eu sou guerreiro, eu sou guerreiro e vou lutando
A minha espada é a palavra do amor
O meu escudo é a bondade no meu peito
E o meu elmo são os dons do meu senhor

Eu agradeço a nossa Mãe e ao nosso Pai
E aos meus irmãos por todos me ajudar
A minha glória para todos eu entrego
Porque nós todos somos um nesta união

Ñdarei a sã
ñdarei a sã
ñdarei a sã
Desde o principio
todos nós somos irmãos!
Orei ouá
Orei ouá
Orei ouá
Viva o Poder de todo o universo!

* *
Música de Orestes Grokar, regente das cerimônias xâmanicas dentro da Doutrina do Santo Daime em Santa Maria no Rio Grande do Sul.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Quem herdará o Reino dos Céus e da Terra?



Sermão da Montanha (Mt 5,1-2)

Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de Mim.
Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.