"A alma humana é crística por sua natureza". Tertuliano

sábado, 2 de abril de 2011

A Janela do Hospital

(adaptado)

Dois homens seriamente enfermos estavam na mesma enfermaria de um grande hospital. O quarto era bastante pequeno, com apenas uma janela. A cama de um deles estava próxima da janela. Como parte do tratamento para melhorar sua circulação esse paciente tinha permissão para sentar em sua cama por uma hora todas as tardes. O outro, contudo, tinha que passar o tempo todo com a barriga para cima.

Todas as tardes, quando o homem cuja cama ficava ao lado da janela era colocado em posição sentada, ele passavo o tempo descrevendo o que via lá fora. A janela dava aparentemente para um parque onde havia um lago. Havia patos e cisnes no lago e as crianças atiravam pedaços de pão ao animais e colocavam barcos de brinquedo na água. Jovens namorados caminhavam de mãos dadas entre as árvores e havia flores, gramado e jogos de bola. E, ao fundo, por trás da fileira de árvores, avistava-se o belo contorno dos prédios da cidade.

O homem deitado ouvia o sentado descrever tudo isso, apreciando todos os minutos. Ouviu como uma criança quase caiu no lago e como as garotas estavam bonitas no seus vestidos de verão. As descrições do seu amigo eventualmente o fizeram sentir que quase podia ver o que estava acontecendo lá fora.

Então, numa bela tarde, ocorreu-lhe um pensamento: Por que o homem que ficava perto da janela deveria ter todo o prazer de ver o que estava acontecendo lá fora?

Por que ele não poderia ter esta chance? Ele já se sentia muito melhor só de imaginar a vida acontecendo através da janela, se pudesse ver, então, melhoria mais rápido ainda.

De qualquer maneira ele aceitou aquela situação e assim prosseguiram os dias. O homem que só escutava ficava ansioso pelas horas da tarde em que o homem ao lado começava a descrever a paisagem e os acontecimentos através da janela.

Certa vez, passou ao lado do parque um desfile que o homem próximo da janela descreveu com a mais perfeito detalhamento. O homem que escutava não apenas conseguia visualizar o desfile como também era capaz de escutar a música tocada e sentir a emoção contida nas pessoas que participavam da parada.

Na manhã seguinte o homem que só ficava deitado percebeu uma movimentação estranha no quarto. Perguntou o que havia acontecido e, então, ele ficou sabendo que seu colega havia falecido. Morrera durante a noite de causas naturais e de maneira muito serena. Ele lamentou muito o acontecido.

Assim que arrumaram o quarto o homem que ficou perguntou se não poderia ser colocado próximo na outra cama. Claro que podia. Arrumaram-na para ele. Ele ficou extasiado porque poderia, então, ver a vida fora do hospital. Então, colocaram-no lá, aconchegaram-no sob as cobertas e fizeram com que se sentisse muito confortável. Assim que as enfermeiras o deixaram só ele se apoiou sobre um cotovelo, com dificuldades e sentindo muita dor ele conseguiu se sentar. Imediatamente olhou para fora da janela. Viu apenas uma parede de tijolos.

O homem chamou a enfermeira e assim que ela entrou no quarto lhe perguntou como seu ex-colega lhe descrevia coisas tão maravilhosas fora da janela se o que ele só via era uma parede. A enfermeira respondeu que o homem nem sequer podia ver a parede porque ele era cego.

Autor desconhecido.

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