"A alma humana é crística por sua natureza". Tertuliano

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

SAMA - Rumi



SAMA (Rumi)
Viemos girando do nada, espalhando estrelas como pó.
As estrelas puseram-se em círculo e nós no centro dançamos com elas.
Como a pedra do moinho, em torno de Deus gira a roda do céu.
Segura um raio dessa roda e terás a mão decepada.
Girando e girando essa roda dissolve todo e qualquer apego.
Não estivesse apaixonada,ela mesma gritaria - basta!
Até quando há de seguir esse giro?
Cada átomo gira desnorteado, mendigos circulam entre as mesas,
cães rondam um pedaço de carne, o amante gira em torno
do seu próprio coração.
Envergonhado ante tanta beleza giro ao redor da minha vergonha.
................................................
Vem! Ouve a música do samá. Vem unir-te ao som dos tambores!
Aqui celebramos: somos todos Al-Hallaj dizendo: “Eu sou a Verdade!”
Em êxtase estamos. Embriagados sim, mas de um vinho
que não se colhe na videira;
O que quer que pensem de nós em nada parecerá com o que somos.
Giramos e giramos em êxtase.
Esta é a noite do sama
Há luz agora.
- Luz ! Luz!
Eis o amor verdadeiro que diz a mente: adeus.
Este é o dia do adeus.
- Adeus ! Adeus !
Todo coração que arde nesta noite é amigo da música.
Ardendo por teus lábios meu coração transborda de minha boca.
Silêncio!
És feito de pensamento, afeto e paixão.
O que resta é nada além de carne e ossos.
Por que nos falam de templos de oração, de atos piedosos?
Somos o caçador e a caça, Outono e primavera,
Noite e dia, O Visível e o Invisível.
Somos o tesouro do espírito.
Somos a alma do mundo,livres do peso que vergasta o corpo.
Prisioneiros não somos do tempo nem do espaço
nem mesmo da terra que pisamos.
No amor fomos gerados.
No amor nascemos

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

UBUNTU

A jornalista e filósofa Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz, em Floripa (2006), nos presenteou com um caso de uma tribo na África chamada Ubuntu.
Ela contou que um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Sobrava muito tempo, mas ele não queria catequizar os membros da tribo; então, propôs uma brincadeira pras crianças, que achou ser inofensiva.

Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto, e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.

As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.

Elas simplesmente responderam: "Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"

Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda não havia compreendido, de verdade,a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?

Ubuntu significa: "Sou quem sou, porque somos todos nós!"

Atente para o detalhe: porque SOMOS, não pelo que temos...


sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pie Jesu por Jackie Evancho



É preciso ter voz de anjo para cantar esta canção. Jackie Evancho tinha apenas 10 anos quando cantou Pie Jesu no programa American Idol 2010. Sua performance é memorável. Jackie é um exemplo do que muitos consideram como Criança Índigo.

PIE JESU

Pie Jesu, (4x)
Qui tollis peccata mundi
Dona eis requiem. (2x)

Agnus Dei, (4x)
Qui tollis peccata mundi,
Dona eis requiem (2x)
Sempiternam. (2x)

PIEDOSO JESUS

Piedoso Jesus,
Que tirais o pecado do mundo
Dai-lhes a paz.

Cordeiro de Deus,
Que tirais o pecado do mundo
Dai-lhes a paz,
Eterna.


segunda-feira, 18 de julho de 2011

Deus e eu II

(Continuação do post de 22 de junho.)

Alguém que está alterado emocionalmente não consegue ter clareza da realidade. A realidade fica pintada com a cores da emoção. Se alguém está apaixonado vê o mundo através dos olhos do encanto e mal consegue perceber suas agruras, elas são todas suportáveis por causa de sua paixão. Por outro lado quem está em luto pode estar no lugar mais lindo do mundo e não conseguirá apreciar a paisagem à sua frente. A dor impede um olhar de deslumbramento diante do belo. Durante meu período depressivo o mundo para mim era cinza.
A fim de me ajudar a sair da depressão comecei a frequentar um grupo que pratica tai chi chuan (e este foi fundamental para minha melhora).


Durante uma aula especial de tai chi o mestre nos falou o seguinte: "uma mente doente é incapaz de pensar coerentemente sobre Deus". Aquelas palavras me fizeram refletir muito sobre como eu pensava ou tentava pensar Deus. Entendi que qualquer pensamento que eu tivesse sobre Deus estaria contaminado com minha angústia. Era tão óbvia a ideia porque eu sabia que eu tinha uma visão pessimista sobre o mundo e sobre tudo. Mas eu precisei que alguém falasse sobre a ligação incoerente entre uma 'mente doente' e 'Deus". Algo começava a mudar em mim.
Desisti da ideia de pensar sobre Deus. Na verdade acho que comecei a respeitar meu momento. Já que quase tudo o que eu pensava tinha a marca do meu pessimismo era preferível deixar determinadas questões em suspenso.
Criou-se, então, um vazio muito grande. A 'briga' com Deus preenchia um pouco este vazio. Ao deixar a questão de Deus em suspenso comecei a olhar para mim mesmo. E ao buscar um olhar para mim me aproximei do budismo até porque vários praticantes do tai chi eram budistas. No começo o que era exótico passou a ser interessante na medida em que eu conversava com meus colegas de prática.
O budismo vinha a calhar. Pra mim, naquela época, era uma filosofia que por ter um viés bastante psicológico somava-se à minha aproximação da psicanálise por conta da terapia que eu fazia. A racionalidade budista ia ao encontro do meu academicismo universitário e tem um prática comportamental bem definida por uma ética. Eu me sentia bastante a vontade com o budismo. Comecei uma mudança interior.
No período do processo de leituras e mudança de acordo com a ética budista eu me mudei de casa. Deixei a casa de meus pais e fui morar sozinho. Por viver sozinho em um apartamento eu conquistei um fator que mudou radicalmente minha vida: o silêncio.
Longe do envolvimento emocional familiar e a calma de várias horas de solidão me obrigaram a escutar uma voz que eu desconhecia. Só o silêncio possibilita um reordenamento mental e uma auto análise mais sistemática e profunda. Mas não é nada fácil. Neste momento também resolvi frequentar um curso de yoga.
Achei que poderia me ajudar com uma certa ansiedade que eu vinha sentindo. A yoga me ajudou muito, foi como se eu fosse me colocando no meu próprio eixo. Sentia-me mais completo e comecei a ter algum vislumbre de felicidade. Aí tudo mudou novamente.
O universo agiu. Uma sequência de fatos, pessoas que apareciam do nada, situações aparentemente banais começaram a criar um panorama de simultaneidades e conectividades. Minha intuição aflorou e eu senti que tinha perdido o chão.
Durante algum tempo eu mergulhei num vórtice de percepção que me colocava entre dois planos. Eu tive muito, mas muito medo do desconhecido. Ao mesmo tempo estava muito instigado, deslumbrado e não me faltava coragem. Aprendi em 6 meses o que eu não entendi até os 38 anos. Eu dei um passo adentro do mistério da vida . Foi o meu despertar espiritual (em um outro post pretendo aprofundar este momento). O medo me fez me aproximar da minha fé de infância. Exatamente: a fé experimentada dentro da igreja quando eu ainda era um menino. O meu porto seguro foi o meu primeiro sentimento de Deus, do Deus-Pai criador. E a expressão disto eram minhas primeiras orações aprendidas, principalmente o Pai-Nosso. Esta oração, pra mim, é um capítulo a parte (como muita coisa é), mas neste espaço preciso resumir por enquanto. A fase seguinte foi da reconciliação.
Reconciliação com o catolicismo e seus ensinamentos. A necessidade fez ficar claro para mim que eu não podia jogar fora todo o ensinamento cristão que foi me proporcionado pela igreja. Ao contrário, aprendi que este ensinamento, mesmo com o método e a didática do livrinho de perguntas e respontas prontas do catecismo, era valioso para a construção da minha espiritualidade.
Eu reencontrava Deus. O 'meu primeiro' Deus. Deus Pai criador. Já aquele Deus punitivo ficou perdido em algum lugar do caminho. A minha alma, como uma casa, estava reformada e não havia mais espaço para o 'Deus-super-poderoso-punitivo'. A minha alma só aceitava então um Deus de amor e generosidade. Eu sabia que eu havia construido, ou reformado, um espaço para caber só este Deus. E aí... a ideia de uma reforma interna que define o 'visitante' começou a me incomodar.



continua...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O bom uso das palavras


Pr 12.18 !"Há alguns, cujas palavras são como ponta de espada, mas a língua do sábio é remédio".



As Coisas que a Gente Fala
Ruth Rocha

As coisas que a gente fala saem da boca da gente e vão voando, voando, correndo sempre pra frente.
Entrando pelos ouvidos de quem estiver presente.
Quando a pessoa presente é pessoa distraída e não presta muita atenção.
Então as palavras entram e saem pelo outro lado sem fazer complicação.
Mas ás vezes as palavras vão entrando nas cabeças, vão dando voltas e voltas, fazendo reviravoltas E vão dando piruetas.
Quando saem pela boca saem todas enfeitadas.
Engraçadas, diferentes, como palavras penduradas.

Mas depende das pessoas que repetem as palavras. Algumas enfeitam pouco.
Algumas enfeitam muito. Algumas enfeitam tanto, que as palavras - que
engraçado! - nem parece as palavras que entraram pelo outro lado.

E depois que elas se espalham, por mais que a gente procure, por mais que a gente recolha, sempre fica uma palavra, voando como uma folha, caindo pelos quintais,
pousando pelos telhados, entrando pelas janelas, pendurada nos beirais.

Por isso, quando falamos, temos de tomar cuidado. Que as coisas que a gente fala
vão voando, vão voando, e ficam por todo lado. E até mesmo modificam o que era nosso recado. (...)
Pronto! Lá vão as palavras! Vão voando, vão voando...
Entrando pelos ouvidos De quem estiver passando.

E depois que elas se espalham, por mais que a gente procure, por mais que a gente recolha, sempre fica uma palavra, voando como folha, caindo pelos quintais, pousando pelos telhados, entrando pelas janelas, pendurada nos beirais.

As palavras continuam a voar pela cidade. Vão entrando nos ouvidos de gente de toda idade. E aquilo que era mentira até parece verdade... As coisas que a gente fala
saem da boca da gente e vão voando, voando, correndo sempre pra frente.

Sejam palavras bonitas uu sejam palavras feias; sejam mentira ou verdade ou sejam verdades meias; são sempre muito importantes as coisas que a gente fala. Aliás, também têm força as coisas que a gente cala. Às vezes, importam mais que as coisas que a gente faz...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Deus e eu


Uma das maiores questões humanas, para muitos a maior, é a sobre a relação com Deus. Ou se ele existe ou deixa de existir. É impossível um ser consciente de si passar pela vida sem fazer questões que remetam a Deus: Quem sou eu? De onde venho? Para que serve a vida? Quem criou o universo? O que é a natureza? Mesmo que indiretamente todas estas questões nos remetem a um princípio criador ou a um princípio que explicaria os desdobramentos da vida. Questões que nos levam a Deus. Ou ainda podemos nos questionar diretamente: Quem é Deus? Deus existe? Se existe quem O criou? Como é Deus? Deus, Universo, Natureza, o Absoluto, qual seu verdadeiro nome e sua essência? Etc.
Qualquer resposta que se dê a qualquer uma destas questões ficará insuficiente. Impossível responder satisfatoriamente, impossível ficar sem se perguntar.
A maneira como nos relacionamos com tais questões podem definir nossa vida e a forma como a encaramos.

Tive uma educação religiosa católica. Meu pai foi um fervoroso católico que na sua idade mais jovem dava aulas de catecismo, fazia novenas, fez parte de congregação dos devotos de Maria, foi ministro do batismo etc. Minha mãe também muito fervorosa. Apesar de pouco participativa de reuniões na igreja e nas suas missas ainda assim poderia se dizer que ela é uma católica praticante. Ainda hoje reza seus terços. Minha educação religiosa foi rigorosa, tradicional e rígida. Lembro-me ainda do livro de catecismo de mais de uma centena de perguntas com respostas prontas e definitivas. Decorei-as todas. Não me lembro de mais nenhuma. Ainda bem.
Deus para mim era o super-todo-poderoso onisciente, onipresente e onipotente que via tudo e punia tudo. Quando criança eu tinha medo de Deus. Eu também, por conta das lições familiares e do catecismo, sentia muita culpa. Existia um Deus repressor e punitivo que vingaria cada pecado. Ao mesmo tempo era um Deus que não satisfazia em nada as questões que eu me colocava e que não eram permitidas de serem expostas. Se pelo menos minhas questões fossem, mesmo que parcialmente, respondidas suportar tal Deus seria menos doloroso.
Com o tempo me afastei do Deus do medo e da culpa. À medida que crescemos novas referências e novos questionamentos se somam ou excluem referências rígidas de uma infância limitada. No entanto novas perguntas surgiam e se acumulavam a outras mais antigas.
Apesar do distanciamento do antigo Deus antigas feridas ficaram abertas.
Eu não agüentei sustentar mais um Deus que não respondia minhas perguntas mais básicas, nem por isso mais essenciais, e ao mesmo tempo me trazia à lembrança um tempo de medo, angústia e muitas culpas. Aquele Deus eu precisava deixá-lo.
A universidade foi a pá de cal. Aquele Deus não resistiu à análise crítica e à História. O relacionamento amoroso sério com uma colega de classe da faculdade, cuja família era de intelectuais e ateus, ajudou a finalizar de vez minha relação com aquele Deus da infância.
Passei a negá-Lo.

A negação pode ser apenas uma forma de tentar desacreditar algo que tem importância crucial para alguém. A negação muitas vezes nos aproxima ainda mais do objeto negado. A negação de Deus como uma forma de ateísmo pode ser simplesmente a reafirmação de Deus pela via contrária. Para Freud a negação é um mecanismo de defesa do inconsciente. Se negamos sistematicamente algo é porque, muito provavelmente, o contrário é verdadeiro. Tal situação é conhecida popularmente pelo ditado “quem desdenha quer comprar”. E assim pode ocorrer com inúmeros “ateus”. Assim, pelo menos, ocorria comigo.
Não demorou muito para eu perceber que eu não conseguia sustentar a idéia da inexistência de Deus. Já ouvi (ou li) que um ateu tornar-se crente é bem possível, já um crente tornar-se ateu.... Eu, então, como um ser produzido das entranhas do racionalismo acadêmico achei uma saída bastante oportuna: tornei-me agnóstico. Defendia a idéia, então, que assim como não era possível provar a existência de Deus também era impossível provar sua inexistência. Era uma situação cômoda. Eu estava em cima do muro.
Este período (de negação e agnosticismo) foi o tempo mais difícil da minha vida. Eu passava por sérios problemas emocionais. Foi diagnosticado depressão. Uma coisa estava diretamente relacionada à outra. O meu, pelo menos aparente, distanciamento de Deus, contribuía para uma ausência total de perspectiva de vida. E o meu olhar (pessimista) sobre o mundo me fazia desacreditar em Deus. As velhas e batidas questões não saiam da minha mente: “Como pode existir um Deus que permite a tragédia que é o continente africano?” “Como pode existir Deus com tanta injustiça?” Etc. O buraco era muito fundo e a ajuda parecia distante, senão inexistia. Um provérbio chinês expressava bem o que eu passava: “O céu há de parecer pequeno para quem o olha do fundo do poço”. Eu estava lá e me sentia sozinho.

Continua...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Amor




"...o amor não é algo que podemos nos obrigar a sentir, nem que podemos sentir por decisão do intelecto. O amor nem ao menos é um sentimento. É um estado do ser, de entrega, de perfeita renúncia a toda sorte de separação, quanto a qualquer parte de si mesmo, a outros seres humanos, ao mundo natural e aos domínios do espírito. O amor é eterno e também se gera a cada momento. Em sua base, todos os ensinamentos espirituais verdadeiros visam nos ajudar a a entrar nesse momento eterno do amor."

Fonte: "Entrega ao Deus Interior" de Eva Pierrakos e Donovan Thesenga.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Guerreiros da Paz - Xamã Orestes Grokar



GUERREIROS DA PAZ
Eu chamo a força, eu chamo a força, eu chamo a força
força das pedras para me firmar
Eu chamo a terra, eu chamo a terra, eu chamo a terra
eu chamo a terra para me enraizar

Eu chamo o vento, eu chamo o vento, eu chamo o vento
eu chamo o vento vem me elevar
Eu chamo o fogo, eu chamo o fogo, eu chamo o fogo
eu chamo o fogo para me purificar

Eu chamo a Lua, chamo o Sol, chamo as estrelas
Chamo o universo para me iluminar
Eu chamo a água, chamo a chuva e chamo o rio
Eu chamo todos para me lavar

Eu chamo o raio, o relâmpago e o trovão
Eu chamo todo o poder da criação
Eu chamo o mar, chamo o céu e o infinito
Eu chamo todos para nos libertar

Eu chamo Cristo, eu chamo Budha, eu chamo Krishna
Eu chamo a força de todos orixás
Eu chamo todos com suas forças divinas
Eu quero ver o universo iluminar

Eu agradeço pela vida e a coragem
Ao universo pela oportunidade
E a minha vida eu dedico com amor
Ao sonho vivo da nossa humanidade

Sou mensageiro, sou cometa, eu sou indígena
Eu sou filho da nação do Arco Íris
Com meus irmãos eu vou ser mais um guerreiro
Na nobre causa do Inka Redentor

Eu sou guerreiro, eu sou guerreiro e vou lutando
A minha espada é a palavra do amor
O meu escudo é a bondade no meu peito
E o meu elmo são os dons do meu senhor

Eu agradeço a nossa Mãe e ao nosso Pai
E aos meus irmãos por todos me ajudar
A minha glória para todos eu entrego
Porque nós todos somos um nesta união

Ñdarei a sã
ñdarei a sã
ñdarei a sã
Desde o principio
todos nós somos irmãos!
Orei ouá
Orei ouá
Orei ouá
Viva o Poder de todo o universo!

* *
Música de Orestes Grokar, regente das cerimônias xâmanicas dentro da Doutrina do Santo Daime em Santa Maria no Rio Grande do Sul.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Quem herdará o Reino dos Céus e da Terra?



Sermão da Montanha (Mt 5,1-2)

Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de Mim.
Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O mundo além das palavras - Jalal-ud-Din Rumi



Dentro deste mundo há um outro mundo impermeável às palavras.
Nele, nem a vida teme a morte, nem a primavera dá lugar ao outono.

Histórias e lendas surgem dos tetos e paredes, até mesmo as rochas e árvores exalam poesia.
Aqui, a coruja transforma-se em pavão; o lobo, em belo pastor.

Para mudar a paisagem, basta mudar o que sentes;
E se queres passear por esses lugares, basta expressar o desejo.

Fixa o olhar no deserto de espinhos.
- Já é agora um jardim florido!
Vês aquele bloco de pedra no chão?
- Já se move e dele surge a mina de rubis!

Lava tuas mãos e teu rosto nas águas deste lugar, que aqui te preparam um fausto banquete.
Aqui, todo ser gera um anjo; e quando me vêem subindo aos céus, os cadáveres retornam à vida.

Decerto viste as árvores crescendo da terra, mas quem há de ter visto o nascimento do Paraíso?
Viste também as águas dos mares e rios, mas quem há de ter visto nascer de uma única gota d'água uma centúria de guerreiros?

Quem haveria de imaginar essa morada, esse céu, esse jardim do paraíso?
Tu, que lês este poema, traduze-o. Diz a todos o que aprendeste sobre este lugar.

Voz :Letícia Sabatella - Imagens : Cedar Lee - Música: Marcus Viana